sábado, 4 de junho de 2011

Viagem à superficie do futebol brasileiro

Viagem à superficie do futebol brasileiro

Por: Lucas Rochas §iquilho
Email: lucas.rochas@yahoo.com.br

Resumo do livro: Alexi Portela junior é um aventureiro muito respeitado. Após encontrar um pergaminho deixado por seu pai, ele abandona seus negócios e resolve adquirir um novo hobbie: assumir a caravana do Esporte Clube Vitória.

Aos trancos e barrancos, o aventureiro enfrenta uma situação completamente adversa: o time encontrava-se no centro da terra, no porão do futebol nacional, na casa do estopô. O dilema estava criado: como sair deste cabrunco? O lugar era tão escroto que se o mundo defecasse, lá seria o órgão excretor.

O jovem, que transmitia esperança, angariou um exército de fiéis seguidores e incrivelmente só faltou fazer nevar no sertão de canudos. O ECV voltava à superfície do futebol brasileiro e a esperança havia renascido.

Parecia ser o início de uma nova era: Novas descobertas, crescimentos e realizações. Para que se contentar com o centro da terra se o cume do monte Everest ainda é mais alto? Promessas, planos e projeções; Não seria fácil, mas estava traçado o objetivo. Pura ilusão.

O monte Everest consistia em duas rotas principais de ascensão: pelo cume sudeste, no Nepal (mais curta, chamada rota Copa do Brasil), e pelo cume nordeste, no Tibete (mais longa, chamada rota do Brasileirão). Das duas rotas principais, a sudeste é a tecnicamente mais fácil e a mais frequentemente utilizada. A rota do sudeste era mais fácil, mas não significava que era garantia de chegada. Apesar de não demandar muitos reforços, as adversidades eram enormes. O despreparo para o novo fez o jovem aventureiro sucumbir à mediocridade.

Achando que o cume do everest era facilmente acessível, o aventureiro subestimou as adversidades e abriu mão dos reforços.

Nas primeiras tentativas, em 2008, tudo era novidade. Após um começo avassalador, eis o primeiro insucesso. Ficara evidente a falta de planejamento. Uma nova projeção foi feita, e o ano de 2011 passou a povoar o imaginário de toda a caravana como o ano em que o cume do evereste não passaria de uma daquelas pequenas dunas de jauá.

Em 2009, novas contenções de despesas e, consequentemente um novo insucesso. A desconfiança começava a rondar o território, mas a desculpa estava na ponta da língua: em 2011 tudo mudará. O futuro estava evidente, mas a caravana insistia em acreditar em seu líder. O final da jornada estava tão claro quanto encontrar a esposa na cama com outro, e toda caravana estava tão iludida quanto o marido traído que acredita naquele velho discurso holywoodyano: “Não é nada do que você está pensando!”.

O ano de 2010 parecia que seria normal: a mesma contenção de despesas, as mesmas dificuldades, a mesma falta de planejamento e a mesma falta de vergonha!!Apesar das adversidades, a caravana ECV estava determinada a alcançar o topo.

Logo de início, encarou vertiginosamente a rota mais curta. A falta de reforços qualificados ocasionava um maior esforço físico, e consequentemente os membros foram ficando no caminho. Faltava pouco, e os 8 844 m estavam muito próximos. O topo estava próximo, o sonho seria realizado. Infelizmente a falta de preparo e o planejamento mal elaborado culminaram em mais um insucesso. O fato de ter estado tão próximo poderia ser um estímulo, mas não foi. Logo no início da escalada pelo cume nordeste, no Tibet, uma avalanche derrubou impiedosamente o ECV. Atordoado, voltou a superfície do futebol brasileiro.

As grandes realizações foram sucessivamente sendo apagadas por fiascos simultâneos. O grupo rachou-se e o a arrogância tomou conta do lider aventureiro Alexi Portela. A falta de criatividade simplesmente demonstra a sua limitação e falta de coerência.

Enquanto isso, a caravana ECV encontra-se atordoada e sem direção. Em um momento triste, as trevas encontram-se assustadoramente próxima. O que fazer? Como agir? O que esperar?

Agora só resta a caravana ter fé, unindo-se e lutando. A redenção está logo a frente:

“(...)Nem tão longe que eu não possa ver
Nem tão perto que eu possa tocar
Nem tão longe que eu não possa crer que um dia chego lá
Nem tão perto que eu possa acreditar que o dia já chegou...”

(A Montanha, Engenheiros do Hawaii)